quarta-feira, 12 de maio de 2010

O sonho e a realidae

Capa do livro

















Como não poderia deixar de ser, o mundo contemporâneo caminha, como no passado, entre o sonho e a realidade.
Acredito que sempre foi assim, desde o troglodita da caverna. O sonho alia-se ao mundo físico real, harmonizando nossas vidas. Infeliz daquele que vive só de sonhos, ou da dura realidade. “A integral da derivada de x ao quadrado é 2x.” Seguem-se outras, genialidade se Newton que permite, inclusive, estar no computador a dizer tais afirmações incontestáveis.
Então, lembro-me dos poetas, que fazem afirmações nem tão provadas, mas também verdadeiras.
Lembro-me da última página de Jorge Amado, em “Os Velhos Marinheiros”. De um lado, Zequinha Curvelo, fiscal de rendas aposentado, com suas tricas e futricas sobre um processo judicial. De outro, o comandante Vasco Moscoso de Aragão, Capitão-de-longo-curso, título alcançado graças ao seu amigo George Dias Nadreau, oficial da Marinha de Guerra, capitão dos portos em Salvador, Bahia. Herói de muitos sonhos, Vasco faz a amarração de um Ita usando todos os recursos. Nenhum cabo ou âncora foi dispensado
Não entendia nada de nada, da arte e ciência náutica.
Saiu sob o riso de todos e tomou uma garrafa de cachaça, mas foi acordado na pensão vagabunda por um povaréu que o aclamava. Os deuses conspiraram. O “congresso dos ventos” havia posto ao léu todos os navios. Menos o comandado por Vasco, que estava sólido como uma rocha no cais de Belém do Grão-Pará.
Que seria do homem se não fossem os sonhos? A América teria sido descoberta há mais que 500 anos? A Lua teria sido conquistada? É a pergunta de Jorge Amado.
Não, eu digo. Mas o sonho não pode viver apartado da realidade. Caminham juntos. Uma lição para todos nós.

6 comentários:

experimental disse...

Olá Jorge,
Devorei os livros de Jorge Amado, um escritor marcante para mim.
Quanto ao sonho, eu considero que o sonho é fundamental, se não for um alheamento da realidade, gosto muito de uma poesia de António Gedeão, que com certeza conhece:

Pedra filosofal


Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos
como estes pinheiros altos
que em verde e ouro se agitam
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma. é fermento,
bichinho alacre e sedento.
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel.
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
para-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra som televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre a mãos de uma criança.

Bjs,
Nela

Thaís Oliveira disse...

Bom dia!
Obrigado pelos elogios em relação ao blog e a mim...Seu blog é muito culto e interessante, vou adicioná-lo na minha lista...
Abraços, Thaís Oliveira.

Caio Martins disse...

E garanto que o Jorge Sader, marujo velho e experimentado, quando leu se divertiu à bessa... Baita livro, Jorge... Os novos marinheiros ficam perdidos sem um GPS, assim como os novos escribas, sem o Google. Não é fácil manter o barco adriçado.

Abraços, marujo!

Celso Panza disse...

Estou matando saudades da máquina, de longe, do outro lado do Atlântico. Meu filho mesmo passeando trabalha, fica em contato com o escritório, daí eu tirar uma casquinha.. Sonho e realidade, grande tema, como vc bem colocou e, mais, li no Vote Brasil seu artigo e lembrei da " Boca de La Veritá" em Roma, de onde vim hoje para o gostoso frio de Paris. Na " Boca de la Veritá", reza o costume, atualmente ainda temido o fato, que se o mentiroso coloca a mão na boca da esfingie e mente, perde a mão. Péssimo lugar para casais devedores de fidelidade...Um abraço. Celso Panza

Unknown disse...

"Os Velhos Marinheiros" é realmente um livro que se lê com prazer, como os outros de Jorge Amado. Bom apanhado, Jorge.

M.C.L.M disse...

Que seria do homem se não fossem os sonhos?

"Os sonhos são sorrisos que daremos no futuro...próximo!"

Tu sabes quão feliz estou com a realização deste que é de longe o "maior" de todas as minhas aspirações...
Tu terás que cumprir o prometido, e partilhar comigo o lançamento do meu livro na Bienal...
E tu, lançará o teu lá tbm?

Carinhoso abraço,

Márcia