quinta-feira, 16 de junho de 2011
Pilantras
Pilantras
Quantos anos teria? Muitos diriam vinte, outros menos, por aí.
O certo é que era bonita. Esbelta, elegante, um pouco magra talvez, mas esta aparente deficiência não a prejudicava. Tomava um cappuccino, tempo frio, bar também elegante.
Nitidamente esperava alguém, olhava no relógio vez por outra, acendeu um cigarro e o seu gesto, ao acender o mesmo, mostrou elegância.
Em pouco tempo, talvez quinze minutos, chegou quem esperava. Jaqueta de couro preta, brilhante e calça cinza. Nem velho nem moço. Talvez uns trinta e cinco anos, por aí. O que conversaram, ninguém aparentemente escutou. Mas pelos gestos era assunto sério, os rostos estavam um pouco contraídos, as mãos incertas. Ele também pediu uma bebida, era uísque sem gelo. Igualmente, acendeu um cigarro e continuaram conversando.
Não havia muita gente no lugar, eram seis horas da tarde, pouco mais, pode ser. Lá fora, o vento frio fazia com que os transeuntes se encolhessem.
Quem ouviu tudo, sem que eles percebessem, foi o garçom. Chantagem, vejam só, a dupla estava falando em tirar o dinheiro de um figurão do mundo dos negócios em bolsa. Espertalhão, na certa. Ou pagava a quantia exigida, ou a vídeo iria parar nas mãos da mulher do extorquido. Foram filmados, fizeram de tudo e mais alguma coisa.
Para um homem de negócios, não importava nada que fossem mostradas as cenas. Mas acontece é que a mulher dele, dona de fortuna por herança, financiava o seu joguinho com o sobe e desce das ações. Ele não poderia perder a galinha dos ovos de ouro.
Foi esta, em parte, a história contada pelo garçom aos policiais que fizeram a ameaça “ou conta ou nós falamos tudo com seu patrão”.
Tudo isto por causa de uma jovem bonita, um pouco magra, talvez, que estava morta, durinha, no assento do motorista de um automóvel também elegante. Serviço de profissional, facada certeira no coração, morte imediata, sem fazer barulho, sem chamar a atenção, enquanto os limpadores de para-brisa continuavam funcionando.
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15 comentários:
Jorge, você é genial. Escreve com fluência, sabedoria inata aliada a vivência. Dizem que a melhor escola é a vida. Em parte, com certeza.
Na verdade, a vida em nada interferiria se o ser vivente não tivesse tino e perspicácia.
Você possui tudo isso e ainda: imaginação fértil. Assim, é até covardia...
Seus leitores sabemos quando nos comunica a postagem de mais um conto: " Oba! Lá vem coisa boa!".
E corremos a saborear frase por frase dos seus relatos. Transforma caso comum em fato inédito, interessante, digno dos holofotes das maiores redes de televisão.
Daí a impotência de pobres mortais terem verve para comentá-los. Arrisco-me: é nisso que dá casar com "a galinha dos ovos de ouro"...
Realmente devo concordar com a Miriam, você é brilhante em seus contos e em suas cronicas... Eu nem gosto de ler outros autores que escrevem este tipo de narração, violência, morte, sangue... Não faz o meu gênero de leitura. Mas, é o Jorge quem escreveu e eu vou indo deslizando na prosa e vou gostando e qdo vejo acabou.
Somente você para me dar este prazer em lê-lo com gosto...
Um beijo amigo!
Mel
Quando leio 'policial' entro do jogo Detetive. O Jorge quer mesmo é colocar em prática a sua verve. E consegue. Adorei. Parabéns!
Jorge!
A vivacidade dramática do relato leva ao envolvimento do leitor, que somente ao final desvenda o crime.
Espaço, personagens, linguagem do autor, temática, tudo caracteriza um universo forte e realista. Dessa integração de elementos resulta o impacto deste conto.
Muuuuuuuuuuito Bom.
Parabéns! Beijos.
Texto triste, mas muito bem escrito. Parabéns Jorge! Fica com Deus. Beijos
muito bão, nhô Jorge!
beijo.
Jorge, mais uma história gostosa de ler, intrigante, com final inesperado, que conta mais nas entrelinhas do que no que está escrito. Abrs. Mardilê
Um thriller no melhor estilo: o jeito Jorge de contar. Parabéns, mestre.
Deixei um recadinho lá para você!
Tenha um ótimo sábado!!! Beijos
Um conto com estilo próprio repleto de mistério....bjus
Amei tudo que você escreveu, já respondi lá, tá?
Tenha um ótimo domingo!!! Beijos
Realmente, um conto policial completo. Jorge tem o dom de deixar circunstâncias e detalhes para o leitor, conforme sua imaginação. E vai direto ao cerne, com finais inesperados e conclusivos. Coisa de Mestre...
Oi Jorge,
Adorei seu estilo policial conciso,instigante,dá margem a imaginação.
Bacana mesmo.
Quero mais.
beijos,
Cris
Como sempre prende a nossa atenção. Não sou muito de suspense, mas quem consegue parar de ler o que você escreve?
Parabéns, amigo!
Jorge, este conto deixou um gostinho de quero mais... Muito bom. Ele me fez pensar a respeito das relações humanas, que parecem se restringir a atos mesquinhos, fazendo com que a vida se torne ainda mais frágil.
Beijos
Márcia
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