quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Autores e editoras II













Autores e editores

Quando consegui publicar o meu primeiro livro, recebi do editor uma cópia da Diretoria de Documentação Histórica, assinada pelo sr. Claudio Soares Rocha, datada de 28 de abril de 2008, informando que o exemplar enviado à Presidência da República nada tinha de ofensivo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por se tratar de obra ficcional.
Complementando, afirmou o referido senhor que “desde já, fica a obra integrada ao acervo presidencial.”
Ou seja, tenho publicação que faz parte da biblioteca particular do presidente da República.
Foi best seller por causa disso? Não. Vendeu muito, fez sucesso? Também não.
Por fazer muitas alusões ao então presidente Lula, o editor enviou um exemplar do livro ao Planalto. Não houve problemas, como está visto.
O romance é pura ficção, embora nele estejam contidos muitos fatos verdadeiros da História da República, inclusive com a fase negra do mensalão.
O caso é que editoras são empresas, e estas têm sempre uma finalidade: gerar lucros. Alguns assumem o risco de lançar um autor novo, mas a maioria, não. Preferem os autores consagrados, ou quem esteja em evidência, em qualquer atividade humana. Desconhecidos, fora!
Entendo tal posição, mas até certo ponto. Quando uma editora grande manda um iniciante às favas, não está sendo justa. Se o trabalho merece ser divulgado, que seja apreciado. Incomoda o fato da recusa.
Neste ponto, existe uma verdadeira guerra entre autores e editores. É a comercialização da arte, na sua pior espécie possível. Um fato bastante desagradável. Para noção mais exata, pode-se citar João Ubaldo. Ganhador do Prêmio Camões, o maior da literatura de língua portuguesa, só conseguiu publicar o seu segundo livro graças ao ‘padrinho’ Jorge Amado. O fato é conhecido. Talvez, ninguém sabe, nosso maior autor vivo, não fosse seu amigo de talento muito grande, não seria conhecido. Quem garante que a afirmação não possa ser verdadeira?
A capacidade de Ubaldo é indiscutível, mas as editoras são cruéis. Na verdade, no seu caso, ele acabaria triunfando.
Alguns prêmios famosos nada são mais do que uma guerra entre editores, autores fora. O Jabuti, por exemplo.
Os grandes concursos literários, como o Walmap, por exemplo, revelaram nomes que consagram a literatura nacional, como Antonio Callado, José Cândido e tantos outros. Desapareceram e não foram substituídos.
A causa, ninguém sabe. Infelizmente.

16 comentários:

Caio Martins disse...

É a realidade de um país que nunca leu, menos agora nesta época das redes sociais e nivelamento pelo mais medíocre.
De modo geral, sendo empresas, as editoras visam lucros e sobrevivência. Tendo à frente um proprietário ou sócios interessados em cultura, não só naqueles fatores, podem promover novos escritores. De aí a importância dos blogues, como este, para divulgar não apenas textos, mas amplo leque de produções artísticas.É uma batalha. Bom combate, Jorge

cristinasiqueira disse...

Oi Jorge,

Bem fundamentada a sua opinião.Retrato de uma realidade que haveremos de superar buscando novas alternativas,criando uma logística de distribuição ainda não pensada.Acredito que temos que pensar em como, e onde aportar.De que maneira ,nós os sem espaços ,devemos conduzir nossas letras aos leitores .-Como empreender o caminho contrário a este sistema velho?Vamos pensar juntos.É muita conversa...criativa,produtivo e boa.
Cris

Marcelo Sguassábia disse...

É por essas e outras que não alimento a pretensão de publicar o que escrevo em livro. Melhor que fique como está, em alguns jornais e sites. Até porque o livro, imutável para a posteridade, me amedronta. Mas defendo, obviamente, a bandeira dos injustamente impublicados. Mais um texto lúcido e contundente do grande Jorge. Abraços.

petuninha disse...

Jorge tem razão quando discute um assunto bem conhecido:
Editoras querem ganhar dinheiro, preferem autores consagrados... mas há sempre gente nova sendo lançada. Como conseguem, não se sabe exatamente. A distribuição também não é essas maravilhas. Não sei exatamente se os critérios são só politicos e financeiros ou se há outros também.
Gostarei muito de ler o seu livro.
Boa sorte, conte com a minha torcida. Beijos da Petuninha.

Unknown disse...

Sei por experiência própria que só vende quem tem nome. Sei que meus trabalhos são diferenciados. Estão no meu site, no meu blog, mas não vendo. Vendi poucos para os amigos. Publquei-os já sabendo disso. As pessoas que os leem me cumprimentam, dizem-me que tenho que colocá-los nas livrarias, mas de que adianta, se nas livrarias ficam escondidos? Tenho amigos livreiros que nem nas feiras dos livros os levam. Publico independente e de nenhum tirei a metade do que gastei. Então não dependi de editoras, mas de livrarias. Abrs Mardilê

Rita Lavoyer disse...

Jorge, o seu desabato diz muita coisa, seus leitores o complementam. Diante disso, tenho que dizer que sou feliz, mais um pouco, por saber que um ilustre escritor lê minhas escrivinhaturas. Ele tem uma obra que faz parte do acervo presidencial. Não me importa quantos me leem. O que me completa é quem me lê.
Obrigada, Jorge, e grande abraço

Rita

lino disse...

Por cá os iniciantes têm de pagar para editar.
Abraço

Marcia disse...

Ótima crônica jorge..Seu blog é um ponto de divulgação importante..bjus

Eliana disse...

Oi Jorge, passando rapidinho só para te desejar... um ótimo fim de semana!!! Um abraço

Caca disse...

Eu paguei para publicar meus dois livros e o terceiro está nas mãos de uma grande editora (cuja dona conheci na bienal do Rio). Ficaram de me dar resposta em outubro e a ansiedade é grande, pois sei que eles não costumam dar muita atenção aos novos autores a não ser, como você disse, se houver um bom apadrinhamento. Hoje a internet é que tem conseguido dar a visibilidade substituindo o agente literário, mas acho que é muito mais um lance de sorte do que qualquer outra coisa, ressalvadas todas as competências. Abraços, Jorge. Paz e bem.

Mel Racional disse...

É Jorge,
Para haver um 'altruísmo editorial' a editora deve ter uma gestão estatal... Do contrário, com autogestão, é como elas agem, apenas dando ao melhor poder aquisitivo, a sua devida atenção.
Poderia ter em nosso governo uma editora que levantasse esta bandeira, de fazer a população conhecer os nossos escritores brasileiros... Os melhores com os seus louros e os sem pretensões em seus devidos lugares, mas seriam lidos por seu povo...
Um abraço

iderval.blogspot.com disse...

Professor Jorge,fiz um levantamento cultural num público que acompanho e fiquei boquiaberto com a falta de sensibilidade pelo bom, pelo nacional sublime, como também cabisbaixo pelo poderio do lixo estrangeiro sobre a classe média brasileira que consome subcultura,subliteratura.Numa única semana um talde HP vendeu mais que toda a literatura brasileira em um ano. Está aí a fundamentação do sumiço dos subsitutos dos grandes escritores desta nação.Eu não tenho dúvidas que o amigo com este potencial e este cabedal de conhecimentos será sem dúvidas num futuro próximo um dos representantes da cultura brasileira.

Um abaraço mestre e guru.

Iderval Reginaldo Tenório
http://www.iderval.blogspot.com
um blog apenas cultural

Tais Luso de Carvalho disse...

É muito conhecida esta prática “quem vende livros são os escritores conhecidos e renomados”; investir neles é lucro. Aos novos resta a Internet com seus espaços democráticos, seus blogs, jornais e algumas revistas, quando somos convidados. Para os que querem dizer algo, o meio é este.

Mas este é o mundo capitalista em que vivemos. É 'lucro' 24 horas.

Pensando bem, amigo Sader, escrevo no meus blogs para os que quiserem me ler; escrevo num meio muito democrático em que somos julgados pelo que escrevemos, somos escolhidos e sem nenhum estresse.

Não alimento sonhos, mesmo porque tenho crônicas publicadas em várias coletâneas, alguns jornais, revistas e nada mudou em minha vida nesse sentido.

O processo é um só: lucro, e o trem não sai dos trilhos... Apenas estão, agora, dividindo leitores com a Internet.

Grande abraço
Tais Luso

Fanzine Episódio Cultural disse...

A ACADEMIA MACHADENSE DE LETRAS (Machado-MG) comunica que estão
abertas as inscrições para o VIII Concurso Plínio Motta de Poesias, do
ano 2011.
Entrem em contato para adquirir o Regulamento:
a/c Carlos Roberto machadocultural@gmail.com
ESTE CONCURSO ESTÁ ABERTO PARA TODOS!

OBS: O VALOR DA INSCRIÇÃO ( 2 REAIS) PODE SER COLOCADO DENTRO DO ENVELOPE COM AS 6 CÓPIAS DA SUA POESIA.

Celso Panza disse...

Jorginho, a vida é impulsionada pelo interesse, todas as atividades, sem exceção. As editoras têm seus requisitos e é normal que assim seja, mas incontáveis escritores novos figuram nas livrarias, há verdadeira invasão de novidades, é preciso ser recepcionado, esta é a chave, como abrir a porta é outra coisa. Celso Panza

Evanir disse...

Seu blog de fato é excelente
destaca aqui coisas importantes.
Concordo com você conheço pessoa que se não foce os grandes amigos não teria cobrido com as vendas dos livros o preço alto da publicação.
Fiquei feliz em conhecer um blog com assunto que ainda não vi abordado em outros blogs.
Um feliz final de semana já estou seguindo você .
Bjs carinhosos.
Evanir