No período em que se aposentou, meu pai, um
espírito inquieto que não sabia ficar parado, e quando ficava aparentemente
neste estado luzes vermelhas sinalizando perigo eram ou deveriam ser acesas,
dedicou-se a escrever sobre Bom Jardim, sua cidade natal, onde suas estripulias
eram conhecidas.
Estudante de direito, morando em Niterói, quando na
pequena cidade, certa feita, debochou dela, dizendo jocosamente que
andaria nu na rua, durante a noite, e ninguém iria tomar conhecimento do fato;
não o veriam. Deu aposta. Os amigos duvidaram e esperaram anoitecer. Por volta
das onze horas, Jorge Sader desfilava nu nas ruas de Bom Jardim. Alguém
comunicou o fato ao delegado, que o prendeu e expulsou da cidade. No dia
seguinte, em companhia do seu irmão de leite Francisco, o Chico, negro
retinto, bem-humorado, contador de histórias e valente quando tomava umas
cachaças, os dois davam 'bananas' para a população, do trem que os trazia para
Niterói.
De outra feita, sabedor pelos amigos e moradores do
perigo que uma caixa d'água na estação ferroviária apresentava, resolveu o
problema com o seu companheiro, amigo e irmão Chico. Parece que Antonio José
Monnerat Netto teria participado também, não me recordo. Prepararam o atentado
com gasolina nos pilares da caixa, e durante a noite ela veio abaixo. Outra
expulsão...
O livro que queria publicar ficou inacabado, e o
texto era muito pequeno. Lamparina de Oratório Velho, que resolvi juntar
alguns contos e crônicas de minha autoria e publicar usando o seu título.
É um
livro sem pretensões, simples, de leitura fácil, mas não por isso uma
mediocridade impressa.
Link da editora:
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13 comentários:
Você não escreve mediocridade. Já disse aqui e repito, preciso de um exemplar deste livro. Vou ler para aprender muito.
Andar nu pela rua? rsrsrs... seu pai deve ter sido ser uma figura e tanto! Gosto de pessoas assim, meio-inesperadas. Tenho certeza de que o livro será muito interessante.
Olá! Jorge...
Suas Crônicas são Interessantes, pela peculiaridade, de satisfazer ao leitor com fatos em narrativas simples...singelas.
O seu pai... Um menino travesso que alongou a sua condição de menino por toda a vida... Penso ter sido muito feliz, diante do fato, de que crianças não se preocupam com outra coisa que não a autenticidade.
Buscarei ler o seu livro...
Um abraço forte igual ao tempo!
Nossa...
O livro pode ser pequeno, mas sem dúvida de grandes e impagáveis histórias! Muito bom, Jorge.
Jorge, as 'histórias' até podem ser velhas, mas a nova roupagem literária que você as revestiu, deu todo um 'ar' de atualidade. Afinal, seu pai vivia 'anos luz' à frente das 'FEMEMS ucranianas'... 'dos caras pintadas' e suas revoluções! Explica-se o seu 'DNA' atualizado e revigorado nas veias de escritores que a tudo observam, e nada escapa de sua ótica aguçada!
Abraço, Célia.
Grande Jorge, recomendei e seguirei recomendando a leitura do "Velhas Histórias", um resgate necessário de origens. Abração.
Meu mestre e Guru, uma obra vindo da sua lavra não pode ser sem valor, primeiro pela grande capacidade e pela independência literaria. Um abraço Iderval.
Olá, Jorge!
Nas histórias claras, escritas com simplicidade e autenticidade, se encontra a beleza de verdades interessantes que sempre é bom recordar.
Tem um ditado que diz que "filho de tigre nasce pintado". Vc. herdou as qualidades literárias e culturais de sua distinta família e
deve ter herdado algumas sapequices como esta de andar nu pelas ruas à noite! Vai ver que se for contar dá mais um livro! Também qual é o jovem que não tem uma "arte!" para contar? Todos tem e quando contamos num grupinho se dá boas risadas! Continue a escrever suas histórias. Estas crónicas assim suaves e bem escritas agradam a quem as lê! Beijos!
Olá, Jorge. Seu pai foi um espírito vívido e criativo. Você com sua verve na escrita deve ter herdado muito da convivência que tiveram. Relendo, deletei o comentário anterior para não sobrecarregar os comentários com peraltices. rs. abraços.
Jorge,te ler é sempre mágico...bjus
Uma publicação com cheiro e gosto de passado com amor. Parabéns, Jorge. Abrs Mardilê
A crônica é muito gostosa de ler.
Eita menino peralta que era seu pai heim?!
Um grande abraço!
Marineide
Ih, Jorjão,
Já comecei a gostar mais ainda desse seu pai. Se não bastasse ter-nos legado você ainda era dos meus: aprontador! rssss
Meu carinho,
Anderson Fabiano
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