sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Música popular brasileira






      Recordações de um tempo que se foi.
      Viola cantando nas mãos de Nequinho, nosso amigo Humberto Gil Innecco, que já se foi.  Esta música, de Herivelto Martins e David Nasser, era interpretada por Nelson Gonçalves, tenor popular, voz forte, privilegiada, afinadíssima. 
      Nelson morava na nossa rua, poucos metros mais.  Andava todas as tardes no outro lado da calçada, cabeça baixa.  Havia passado maus momentos por causa de droga.
      Certo dia, Humberto que o imitava muito bem, emendou "Pensando em ti".  O cantor famoso parou, atravessou a rua, cantou junto e depois deu um longo abraço no nosso amigo.
      Dos seus olhos saíam lágrimas discretas.  Ele nunca poderia imaginar que um bando de adolescentes pudesse lhe prestar tão sincera e despretensiosa homenagem.
       Dizem alguns desavisados que esta música e o cantor são 'bregas' e 'cafonas', quando na verdade fazem parte da história da MPB. 

14 comentários:

Marco Bastos disse...

Prezado Jorge. Iniciei no final de semana a organização dos meus Cd´s, e coincidentemente ouvi um cd inteiro do Nelson Gonçalves. "Viajei" no tempo e no espaço para o início de década de 60, Noroeste do Estado de SP, onde nasci e morei até os 18 anos. Boas lembranças de um tempo em que cantávamos na praça, fazíamos serenatas nas janelas das namoradas e das amigas. rs. e havia aquilo de dançar no clube e nas boates mal faladas. rs. No clube predominavam o rock, calípso, chachachá e a bossa-nova que estava nascendo. Nas primas e nas serenatas eram os bolerões e os sambas-canção (Nelson Gonçalves, Miltinho, Maysa, Anísio Silva) essas músicas e vozes lindas que hoje ao ouvi-las os filhos recomendam volume baixo: " - cuidado, para os vizinhos não saberem que você ouve isso". rsrs. Atualmente prefiro ouvir jazz e clássicos, mas continuo achando bonitos os boleros e os sambas-canção - só existe música boa e música ruim. E aí vai o Nelson Gonçalves: http://www.youtube.com/watch?v=42M8AYihPi8
abraços.

Efigênia Coutinho ( Mallemont ) disse...

Muito bem lembrado sua postagem, ele foi um marco de nossa boa música, hoje por uma corrente sem cultura é tachado de brega!
Efigenia Coutinho

Anderson Fabiano disse...

Jorjão,

Grande saque! Mais que merecido. Poderia chamar de Baú do Jorjão?

Meu carinho,
Anderson Fabiano

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Não sabia que um dia você foi tão próximo a Nelson Gonçalves. Meu pai amava esse cara. Bela homenagem, Jorge.

Unknown disse...

Nelson Gonçalves, eu tinha todos os CDs dele, Com o tempo, foram substituídos pelos rocks dos meus filhos e se perderam lamentavelemnte. Abrs

AIDA disse...

Eu sou da geração posterior ao Nelson Gonçalves, mas conheço sua obra. Meus ídolos eram Elis Regina, Fábio Júnior.

Celso Felício Panza disse...

Jorginho, velho e aproximadíssimo amigo, um irmão de toda uma vida, a "pontezinha" lembrada, nossa turma perigosa no bom sentido, a "turma do pau marelo", de onde vem a "alcunha" (?), não importa, momentos felicíssimos e despreocupados, uma ponte com o descompromisso, só alegrias, escambidas, Iate clube Rio de Janeiro,mil molecagens que hoje não mais são vistas, mudaram os tempos, mudamos nós, creio que na caminhada para sermos melhores, compreendendo mais que entendendo, execrando só e veementemente o descaminho por que passa o Brasil. Ontem falei com minha mulher, por vezes tenho vergonha de ser brasileiro, representação social toda envolvida em corrupção e desmandos. Sobra um certo orgulho do sangue que corre em minhas veias e ser também europeu, "ius sanguinis", e sinto isso com força, até no gosto e nos sentidos, mafiosos também são os italianos, mas com disseminação de cultura para todo o mundo, porém máfiosos combatidos, um país que de qualquer forma tem lei desde o "Rissorgimento", e melhor, lei cumprida quando possível e necessário, e continua exportando cultura para o mundo, o Primeiro Império, aqui sempre descumprida a lei; inexequível.Desculpe o desabafo querido amigo, nem leio mais jornal com habitualidade para não ficar mais intoxicado. E que Deus tenha o Humberto na calmaa da eternidade. Estava na praia com toda a família em Búzios faz dez dias, por isso o silêncio. Celso

Rob Novak disse...

Compor músicas simples e sinceras é tão fácil. Apenas precisa ter talento e estar numa sociedade que sabe valorizar quem POSSUI talento. Ouvir as raízes da boa MPB sempre estará na moda, na boa moda.

Célia disse...

Nosso excelente acervo MPB de ontem é a base para alguns que ainda compõem e interpretam canções eternas! Bregas serão esses que se dizem compositores e cantores, mas que "SE PREPAREM"... pois logo mais, meteoricamente como surgiram, cairão no esquecimento. Nessa linha do Nélson há uma plêiade de muitos outros: Francisco Alves / Orlando Dias / Dalva de Oliveira / Altemar Dutra / Carlos Galhardo / Francisco Petrônio e, por ai vai uma lista que minha mãe cantarolava ouvindo seu "rádio"... Eram poesias cantadas...
Abraços.

Nadir DOnofrio disse...

Como não se render aos grandes talentos!
Nelson Gonçalves, sem dúvida alguma, um deles.
Acho que nossa geração, foi premiada, com compositores, e cantores, atualmente temos pessoas com bom potencial de voz, mas as músicas, letras deixam a desejar.
Uma boa crônica para esse final de semana, Jorge!
Abraços... Nadir

Rita Lavoyer disse...

Quem, nesta vida, não teve um período turbulento, cujo pensamento já não tinha rédeas, pois foram pelo 'alvo' roubadas não se sensibilizará com a letra desta música.

"Saia do meu pensamento e me deixe , ao menos, pensar em Deus", é pra arrebentar!!

Carmem Velloso disse...

Brega e cafona? Afinal, estamos tratando com Herivelto, David Nasser e Nelson Gonçalves.
MPB legítima e tradicional!
Beijo.
Carmem

Unknown disse...


Desculpem os incrédulos em pensar que essa poesia é brega ou seja lá o que for. Deus colocou no mundo um gago que cantava(e mto bem) só poesias, para o nosso deleite. Obrigada Jorge por nos presentear e nos fazer recordar de tão excelente cantor. Beijos

Caio Martins disse...

Certo, Jorge Sader! Cresci ouvindo Chico Alves, Orlando Silva e Dalva de Oliveira, dentre tantos outros cantores brasileiros.
Bela lembrança! Forte abraço.