sábado, 20 de junho de 2009

A história do Vainqueur

Veleiro desconhecido












Contam-se casos e mais casos de histórias acontecidas no mar, tanto atualmente, quando temos provas suficientes para avaliar sua veracidade, como de outras épocas, fazendo, por assim dizer, o folclore do mar.
Por ser muito grande e antes das grandes navegações de Portugal e Espanha, o mar passou a ser objeto de curiosidade, imaginação e incentivar mistérios.
Não é à toa que muitos afirmam que ele é o inconsciente da terra. Grande e poderoso, mas podendo ser enfrentado se para isso existe coragem e respeito.
Em 1672, conforme assentamentos estava no mar o Vainqueur, da marinha francesa. Comandado por Julien Listen, o veleiro de aproximadamente setenta metros de comprimento, com três mastros e armado em escuna, onde o segundo mastro, o do meio, é o maior de todos, envergando a sua vela grande, era conhecido pela sua velocidade e poder de fogo.
Defendia as águas francesas no Mediterrâneo, com outros. Mas ele comandava a esquadra na região. O comandante Listen era conhecido por suas habilidades como navegador e excelente estrategista em guerra naval.
Patrulhar as águas acompanhado de navios menores é uma tarefa difícil, mas nada impossível ou fatigante. O Vainqueur tinha dois acompanhantes menores, mas veleiros velozes.
Não haviam entrado em conflito com a marinha de Sua Majestade. Os HMS, como são chamados os navios da marinha inglesa, “Her Majesty Ship”, navio de sua majestade, não andavam aborrecendo no azul e imprevisível mar Mediterrâneo.
O cruzeiro do veleiro francês, que traduzido significa vencedor, foi calmo até que numa noite tenebrosa, quando o mar revoltado, o vento feroz e a chuva que parecia que ia inundar o belo navio castigaram sem cessar a pequena frota.
Já não mais se viam as luzes dos pavios encharcados em óleo, mostrando os bordos dos seus dois acompanhantes. As velas haviam sido reduzidas a áreas mínimas; o Vainqueur estava quase em árvore seca, expressão usada pelos marinheiros quando o mau tempo é tão grande que obriga o recolhimento de todos os panos. E desde esta noite a marinha francesa deu o Vainqueur como perdido. O Mediterrâneo, com a sua calma aparente, havia levado, segundo todos diziam, mais um navio a fundo. Com a sua escolta.
Os anos correram, os séculos se passaram, até que em 1985, uma fragata americana, a Hurricane – furacão – avistou ao longe um navio estranho. O imediato do Hurricane examinou com um possante binóculo. Parecia um navio-escola, destes que formam os oficiais que terminam o curso na escola naval. Mas não se via movimento no convés, e as respostas via rádio não eram escutadas a bordo da fragata americana.
De pronto o comandante deu ordem para o rumo ser alterado. Foram ao encontro do misterioso navio.
Quando o abordaram, foi um espanto geral. Não havia um único homem em todo o veleiro, que mesmo danificado continuava singrando o mar. Seu nome, como de hábito, estava escrito numa placa de bronze colocada na roda de leme. Vainqueur.
Trezentos e treze anos se passaram, e o Vainqueur teimou em continuar sua missão, sem seus marinheiros e o experimentado comandante Listen.
As investigações conjuntas das marinhas norte-americana e francesa nada concluíram. Mandou-se fazer silêncio absoluto sobre o caso.
Mas os marinheiros falam muito, principalmente quando estão em terra e seu estado normal é estarem levemente embriagados.
Foi de um marinheiro destes que eu ouvi a história do Vencedor.
Como ele, em todas as latitudes e longitudes, existem muitos.

4 comentários:

Maria Regina Cerqueira disse...

Encantador, Jorge. Esta sua característica de relatar casos fantásticos e misteriosos torna o que escreve em mágica.
Beijos

Regina

Caio Martins disse...

Em árvore seca, tempestade, daí aparece... Jorjão, tá certo que se é história de marinheiro, tinha cachaça no meio! Mas, e o gênio do cronista aqui se revela, o enredo atrai, deixando, no final, a famosa "dúvida razoável". Muito bem narrado.

Efigênia Coutinho ( Mallemont ) disse...

Jorge Cortás Sader Filho,
adoro tudo que se refere ao grande Mar, creio que vim dele, pois tenho uma forte ligação dentro dele.

Venho desejar a você uma boa semana
FUTURECIDA!

Com admiração,
Efigênia Coutinho

Roseane Ferreira disse...

Nossa,
fui direto, até o fim, rico em detalhes, fantástico,rico de informações, escrito com a pena do talentoso escritor, perfeito...
adorei!
Bjs
Rose

Não me chame de ingrata, meu acesso é limitado, pelo tempo e trabalho..srsrsrsr