segunda-feira, 9 de março de 2009

Pinha retinida

pinha retinida/nó












O nó da figura, chamado em marinharia de pinha de retinida, ou simplesmente pinha retinida, é o mais perfeito e trabalhoso dentre um sem número deles. Sua utilidade principal é arremessar a bola feita de cabo, pois nenhum marinheiro usa a palavra corda, salvo para a corda do relógio, hoje ultrapassada com os relógios que usam cristais submetidos a impulsos elétricos e a corda do sino de bordo. A bola feita substititui uma pedra ou material semelhante. Serve para ser atirada em qualquer objeto no mar, até mesmo em outro navio.
Arte antiga, do tempo das caravelas, até hoje é usada, inclusive com o belo e bem trabalhado nó, que na maioria das vezes é utilizado como chaveiro.
A pinha retinida tem um outro aspecto. Subjetivamente, é a união, que nada mais é do que a união consigo mesmo, quando conseguimos cumprimentar o nosso lado oculto. O homem que se encontra vive melhor. Conhece seus defeitos e virtudes, e na medida do possível procura evitar seu lado negro, que todos temos.
Esta arte de marinharia pessoal não é difícil de ser alcançada. Geralmente, a grande mestra é a idade. Todo aquele que se preocupa com o conhecimento de si mesmo, alcança com o trabalho interno e externo, e principalmente com a idade. O que o tempo nos tira dos braços e pernas, compensa com sabedoria.
Há que estar atento; os que apenas dão importância a ver a banda passar perdem a condução.
Sem a menor dúvida, a Vida é a mais bela pinha retinida existente.

3 comentários:

Anônimo disse...

Tudo que pretende ser belo imita a vida.
Archibald Rimsey (brasileiro nato). Mogi das Cruzes

Anônimo disse...

Caboclo bão!

Dá nó nas cordas e nas palavras. Consegue falar de questão eminentemente prática de maneira poética, coisa rara.

Tem de seguir navegando nesses mares misteriosos da literatura.

Caio Martins. São Paulo
http://rapaduradecordel.blogspot.com

Márcia Sanchez Luz disse...

Jorge, que interessante o paralelo que você traçou entre a arte da pinha retinida e o encontrar-se consigo mesmo para conhecer o que mais é temido: cumprimentar nosso lado oculto.
Parabéns.

Um beijo

Márcia