segunda-feira, 28 de março de 2011

Escrevendo com sangue














                                 Escrevendo com sangue

            Pois é o que lhe digo: não se escreve pelo simples prazer de teclar ou desenhar letras.  Os resultados são ruins.
            Escrever, como toda arte, necessita do aprendizado fundamental.  A língua e a literatura.  E, sobretudo a alma da verdade, o transmitir conhecimento sem ser professor, usando sua sabedoria.
            É penoso.  A língua tem que ser trabalhada em todo o trecho.  Não pode haver erro, perde-se tudo, o autor não merece crédito.  É preciso ter amplo domínio do vernáculo e da ciência do saber a comunicação com quem lê.
            O cérebro sangra, o coração sangra, os dedos tremem.  As idéias funcionam como engrenagens de uma máquina perfeita.  Além de não poder brincar com o leitor e ter por ele o máximo respeito, há que se despertar o seu interesse nas primeiras linhas, e levá-lo assim até o final.  Um processo difícil e na maioria das vezes doloroso.
            Sua verdade tem que ser exposta.  Não interessa se não é a do leitor: não podem existir mentiras, falsidades.  Quem escreve para agradar o leitor, preocupado com este pensamento, cai fatalmente em erro sem remédio.
            É bom que tenha em mente que quem lê logo percebe se o autor está enchendo o papel, ou querendo demonstrar cultura.  Escrever não é isto.  É entregar-se, num ato de doação.  Todo aquele que tem conhecimento fica na obrigação de transmiti-lo sem alterar uma letra.
            Enfim, escrever é um ato de amor, que não está sujeito a outra regra, senão esta. Doar-se.  

13 comentários:

Rita de Cássia Zuim Lavoyer disse...

Jorge, bom-dia! Li, reli, treli o seu texto. Em um outro post seu já havia lhe dito que eu me policiaria, tamanha as verdades que expõe sobre quem 'deseja acertar' no que escreve.
Como aspirante, sigo-o sempre para aprender cada vez mais.
Obrigada
Rita

cristinasiqueira disse...

Oi Jorge,

Realmente escrever é arte completa e sangra.
ESCREVER-SE,sinto assim.
Fazer-se em letras ,palavras,pausas,
raciocínio lógico,sensibilidade ilógica,rumos e contradições.
Escrever é um ato VIVO.

Otimo post!

Beijos,

Cris

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Amigo Jorge, você escreveu o tratado definitivo sobre o tema. Nenhuma palavra sobrou, nenhuma vírgula faltou. Trabalho de ourives. Ourives da língua. Parabéns.

Marcia disse...

Um texto exato de quem sabe o que escreve... bjus

petuninha disse...

Jorge, querido escritor.
Amei esta crônica pela verdade que comunica e pela sensibilidade que transparece.
O ser humano sente necessidade de criar arte e de usufruir dela. Essa comunicação aos níveis da sensibilidade e do intelecto proporciona-nos a sensação de uma existência mais abrangente e mais rica.
A obra literária deve comunicar algo dessa experiência humana enriquecedora pelo qual o indivíduo participa e se insere na vida social, pessoal e comunitária.
Criá-la exige experiência, habilidade e maturidade na vivência pessoal que se comunica.
A criação artística normalmente resulta de um persistente aprendizado,de uma árdua luta pela expressão daquilo que se possui em sí. Consinto inteiramente com tuas idéias aqui expressadas. E sinto também que é muito bom saber que têm pessoas que afinam seus pensamentos com os nossos.
Parabéns, mesmo!

lino disse...

Concordo que escrever é um acto de amor. Mas não tem de ser forçosamente sofrido.
Abraço

Mel Racional disse...

Grandiosos os depoimentos sobre o seu Tema Meu Querido Jorge!
Concordo com quase todos!
Inclusive que o ato de escrever seja de puro amor... Então, para que tanto sofrimento em aprontar algo trabalhado pelo próprio que esboçou o seu dom divino? O dom de passar aprendizado...
Você é Mil! Um Grande Cronista e Poeta! O resto é resto...
Te amo
Mel

Anônimo disse...

Você escreve, eu leio e aprendo.Você é o melhor.

Bjs

Caio Martins disse...

É assim, Mestre Jorge... Essa coisa estranha (escrever por paixão), tem vida própria. Pode-se fugir dela algum tempo, não o tempo todo... É ofício de risco, perigoso.
Publicou, o texto é de cada um, conforme a vivência. Desperta amor e ódio, ternura e ira, admiração e asco, depende de quem lê. Fogem, as consequências, a qualquer controle.
E há que aprender com os Mestres, como você. Parabéns.
Abração, meu amigo.

Unknown disse...

O título é perfeito e traduz exatamente a arte com conhecimento e a tradução da emoção. Deixar a alma sangrar através das palavras.
Maravilhoso como sempre!
Beijos mil!!!

Vania Gomes disse...

Jorge, meu caro! Excelente a metáfora com o sangue! Escrever é a entrega total, máxima! ADOREI! Aproveito para agrdecer seu gentil convite.

Beijos.

P.S: O meu site tem um blog também (Meu Diário) e eu posto lá crônicas com minhas impressões sobre os livros que leio e filmes que assisto. Se quiser, passe lá: http://www.vaniagomes.prosaeverso.net.

Rosana disse...

Consegui chegar! Li...Refleti...Concluí que apesar de você querer escrever um texto técnico, a tua alma estava ali, exposta. Eu amo seu escrever...PARABÉNS Jorge!!

Jânio Lima disse...

"Um bom cozinheiro pode dar gosto até a uma velha sola de sapato; da mesma maneira, um bom escritor pode tornar interessante mesmo o assunto mais árido" (Schopenhauer)

Toma-se esse pensamento como grandioso, mas não fugindo da sua analise verdadira. Abraços