Não entendemos a causa de o atual movimento ser chamado de
“passe livre”, ou qualquer outra ligação que o prenda ao aumento de tarifas nos
ônibus de São Paulo.
É querer debochar do povo, pensar que somos idiotas, ou uma
tática para mascarar seus principais objetivos.
Acredito mais na segunda hipótese.
É verdade que nunca se primou pelo comportamento ideal no
binômio poder público e dinheiro. A
História do Brasil não tem este registro, desde as Capitanias
Hereditárias. Houve uma pausa no
Império, não havia o ataque aos cofres públicos, nem era necessário. O que o Imperador quisesse era feito. Num sistema destes não é necessário o chamado
alcance, ou seja, o ataque ao dinheiro público. Convém esclarecer que os dois imperadores,
especialmente Pedro II, foram homens honestos e bastante patriotas.
Passado este período, a sucessão de dirigentes honestos não
é grande. Instituiu-se no país uma
espécie de vandalismo com o erário. O
desplante absoluto tomou conta da nação com a subida ao poder de Luiz
Inácio. Os mais estranhos acordos foram
feitos, envolvendo política de baixo calibre e dinheiro, e o mensalão é exemplo
disso. Só um cego não é capaz de ver
Lula comandando o tal esquema de corrupção política. Foi o único a escapar do julgamento pelo
Supremo Tribunal Federal, já que não foi denunciado pelo Procurador-Geral da
República, Antonio Fernando. Quase todos
os outros, quando submetidos ao mais longo julgamento da história do Supremo,
foram condenados e estão prestes a cumprirem suas penas.
Mas o cinismo dos governantes é muito grande. Através de uma série de procedimentos, o
dinheiro público vem sendo maltratado, desta vez não com propósitos políticos,
mas bastante escusos. A bomba explodiu
mesmo com os faturamentos das construções dos estádios edificados ou
remodelados para servir à Copa das Confederações e futura mundial, que se
aproxima.
Obras orçadas em determinada quantia, passaram a custar pelo
menos o dobro, após suas conclusões.
Ora, ninguém ilude o povo por muito tempo, este refrão é velho e
sabidamente correto.
Enquanto isso, o cidadão sai de casa para trabalhar correndo
o risco de ser assaltado pelos marginais comuns que infestam as grandes
cidades. Se não possuir um bom plano de
saúde, sempre caro e por isso não utilizado pelo povo, caso precise de
atendimento médico vai enfrentar uma interminável fila em hospital sujo,
superlotado e sem equipamentos. Vai ser
atendido no corredor, isto no caso de ser atendido. Os médicos são poucos, não por culpa deles,
mas da precariedade do serviço mesmo.
Com os outros profissionais da saúde que integram o quadro dos
hospitais, mesma coisa. Todos ganhando
muitíssimo mal, convém sempre lembrar.
Enquanto isso, o dinheiro que poderia estar aplicado neste
segmento público e na educação, ridícula nos dias atuais, quando a nação ocupa
os piores lugares do mundo, envergonhando o brasileiro, este dinheiro está não
se sabe onde, ou melhor, sabe-se sim.
Está com as empreiteiras que construíram os tais estádios. Só com eles?
Claro que não, qualquer pessoa é capaz de deduzir isso.
Diante desta balbúrdia, veio crescendo no meio da sociedade
esclarecida um sentimento de repúdio muito grande, há alguns anos. O processo não nasceu da noite para o dia,
muito menos, como se disse no começo, por causa de vinte centavos no aumento
das passagens de ônibus. O povo
brasileiro disse basta, saiu às ruas em manifestações nunca vistas na história
brasileira e sem o uso de qualquer tipo de arma, acabou fazendo uma revolução
sem sangue. É o vencedor da luta e os
governos, especialmente o federal, não têm mais legitimidade para dizer ou
mandar coisa alguma. Obedeçam ou podem
sair muito mal desta. Uma reação mais
ríspida certamente vai ser respondida na mesma moeda, e qualquer pessoa pode
prever o resultado.
Estão faltando líderes políticos da confiança dos jovens,
para assumir e dar as diretrizes finais do que foi conquistado.
Talvez agora seja bem mais lembrado o artigo primeiro da
Constituição de 1946: “Todo o poder
emana do povo, e em seu nome será exercido.”
Dedicado aos meus
amigos e colegas do Vote Brasil, o mais famoso e melhor site político
brasileiro, ganhador do Prêmio Ibest dos anos 2005 e 2006, maior premio da
internet brasileira, hoje fechado por razões de doença do diretor André
Barretto.
13 comentários:
Corretíssima a sua posição. O que me espanta é a mídia ficar criticando as ações de alguns manifestantes mais ousados que invadiram o Congresso Nacional. Estes foram chamados de vândalos por terem quebrado as vidraças do tal "templo".
Esqueceram-se que vândalos são os que lá "trabalham"; Esqueceram-se das barbáries as quais o povo é submetido dentro dos hospitais públicos e de tantas outras, pelas quais, graças a eles, enfrentamos no nosso dia a dia.
A princípio, não sou favorável à depredações ou atos ilícitos. Mas, se houver necessidade de um enfrentamento, para que se faça valer os nossos direitos, pois que assim o seja!
Toda moeda tem dois lados, assim como o poder - grandes poderes, grandes responsabilidades!
O processo democrático ainda é recente na história, somos um país novo. As mudanças são necessárias e o país grita por elas. A regra do jogo é simples - cada um no seu devido lugar, fazendo a sua parte bem feita. O que passa pela formação educacional e pelo caráter das pessoas que constituem o poder público e a nação em geral.
Devemos esquecer o jeitinho brasileiro que há anos domina a política, os poderes públicos e a postura da nação. É preciso seriedade e comprometimento. Gostei muito do texto!
Jorge! Parabenizá-lo é redundância. Um artigo coerente que todos os 'tidos mandantes do país' deveriam ler e assimilar. Muito bem postado por você, e eu resumo-o em suas palavras:..."Obedeçam ou podem sair muito mal desta." Repugna-nos ver 'caras e bocas' na mídia dizendo que não entenderam... Oras fugiram da aula de português onde sempre nos foi colocado o valor da expressão verbal e extraverbal. ACORDEM! Ou passarão por pesadelos homéricos!!
Abraço, Célia.
Mais uma vez, Jorge é porta-voz da ira santa das pessoas de bem. Grande texto. Abraços.
Boa tarde, Jorge. Sinceramente, eu já tentei ver a coisa com melhores olhos, mas não consigo, e sinto que este movimento já está perdendo força. Ontem foram confirmadas a presença de 17 mil pessoas em São Paulo, que não foram à passeata por causa da chuva. O líder do Movimento Passe Livre (rola no Facebook esta postagem) disse que sua intenção era tornar-se político, que usou o movimento para tornar-se conhecido. E agora, o que será? Acredito que a Dilma vai enrolar todo mundo até as próximas eleições, quando erraremos tudo de novo.
Estamos batendo na mesma tecla, companheiro (e não cumpanhero). tenho dito e repetido "R$0,20 é o de menos".
São tantos anos engolindo goela abaixo tantas cachorradas praticadas contra nós que vinte centavos não fazem nem cosquinha.
O povo tá dizendo "basta!" E a Dilma, se não quiser perder o bonde da história ainda pode fazer alguma coisa. Mas, a julgar pelas duas últimas falas, vai afundar junto com o partidinho dela.
Fico por aqui.
meu carinho,
Anderson Fabiano
PS: Tribunal Popular neles!
Professores mal remunerados, hospitais no caos, escolas no chão, impostos altíssimos, polícia sem dinheiro e povo no miserê! Violência diária. Tá bom? Gente que mata com crueldade, que destrói famílias, vidas. E outros que roubam descaradamente. E fica tudo assim - como está. Povo sem segurança.
Espero que as autoridades acordem, que votem logo os projetos sérios para o benefício do povo e não para encher seus próprios bolsos. E que não desviem suas mentes para projetos bobos.
Ótimo, Jorge.
Abraços.
Jorge Sader, assino em baixo com sua licença. Durante oito anos, no Vote Brasil, alertamos, denunciamos e combatemos todo tipo de canalhice que se apresentou, vinda dessa escória política que dominou o país.
Hoje vemos que não foi em vão. Esse repicar de consciência pode até não ser o suficiente para mudar os rumos, mas é necessário para iniciar as mudanças. Parabéns, meu amigo, e forte abraço!
Bom, Jorge, perdoe-me, mas continuo duvidando que os mensaleiros vão pra cadeia, vão acabar sendo beneficiados pelo 'jeitinho brasileiro' de se resolver roubalheiras. É uma pena o Voe Brasil estar fechado.
Acredito que o povo foi pacífico demais por muitos anos e agora o copo transbordou.Não sei no que vai dar, mas algo precisava ser feito e parece que foi. Abrs Mardilê
Jorge,mais uma vez você levantou a voz..Texto maravilhoso...Bjus
As carências e reivindicações são diversificadas e imensas. Acumularam-se ao longo do tempo. A capacidade de respostas no curto prazo é pequena. A classe política distanciou-se excessivamente da população e parece resumir suas ações à conquista e à permanência no poder. No vazio da representação instalou-se um processo anárquico que poderá desestabilizar, mas não produzirá soluções. A democracia se dá através de partidos que efetivamente representem os interesses diversificados da população e não meros agentes para a sustentação de ambições políticas. É preciso resgatar a credibilidade para a pacificação da Sociedade. Sua crônica é lúcida. abrçs.
Mestre mais uma vez o amigo bateu de cheio, acertou na mosca como sempre, envio ao amigo uma contribuição a respeito deste momento que o Brasil passa. O Nordeste está morrendo e o seu povo desinformado.
PARA INICIANTES E INTERESSADOS. ENTENDENDO UMA NESGA DE POLITICA, APENAS UMA NESGA, UMA FATIA.
I
O plebiscito, assim como o referendo, é uma consulta formulada ao povo para que delibere sobre "matéria de acentuada relevância", de natureza constitucional, legislativa ou administrativa.
A diferença entre o plebiscito e o referendo está exatamente na sua interlocução com o ato legislativo. Quando o povo é consultado por uma lei que já foi aprovada pelo Congresso Nacional, fala-se em referendo.
Foi o que aconteceu em 2005: o Estatuto do Desarmamento já havia sido aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado. Um de seus artigos previa uma consulta para que a população referendasse ou não a proibição total da venda de armas em território brasileiro. Naquele ano, a maioria do eleitorado votou "não".
O congresso após longo debate com os maiores especialistas apartidários elabora todos os itens e depois o povo REFERENDA.
No plebiscito, acontece o inverso: primeiro a população é consultada de acordo com a vontade do Executivo e dos que estão no comando, responde o que recebeu pronto, sem muito debate e, em seguida, o Legislativo elabora uma lei tomando como base a opinião vencedora nas urnas.
Em 1993, o Brasil realizou um plebiscito para escolher a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo).
II
VOTO DE LEGENDA
Um partido tem vários candidatos, um dos candidatos tem votos de sobra após contar o mínimo para ocupar uma cadeira, os votos que sobram são repassados para os outros candidatos que não tiveram quase que nenhum voto, ou tiveram uma votação muito pequena, mesmo assim são eleitos, isso devido à sobra dos votos do mais votados, é a maior pegadinha eleitoral.
Exemplos: TIRIRICA teve 1.6milhões de votos, só precisou de 250mil, o resto foi para o partido, muitos do seu partido tiveram apenas 5mil e foram eleitos, noutro pleito o Maluf teve 1,7 milhões, sobraram 1.3 milhões de votos e ele levou para a câmara mais uma mão de deputados. O voto não é do partido, é do candidato, então serão eleitos os que tiveram mais votos, voto de legenda não é o correto, pois quem se elege pela legenda não representa o povo, vejam que o voto é do candidato e não do partido.
III
SUPLENTES OU VICES
VOTO FAMILIAR
Um cidadão é Senador, Governador ou outro cargo e coloca um parente para concorrer a um cargo na sua Cidade, no seu Estado ou mesmo na sua pasta, é de pai pra filho, é um maior absurdo, é eleição garantida, é uma verdadeira dinastia.
IV
VOTO FAMILIAR
SUPLENTES OU VICES
O Sujeito é Candidato a Senador e coloca o filho, a sua esposa, o seu compadre ou o seu patrocinador como suplente, é uma conduta totalmente inversa à seriedade.
V
CONFLITOS DE INTERESSES
O Sujeito é eleito sob o patrocínio de determinada Empresa ou Empresas, foi eleito para proteger aquele patrocinador e não o povo de sua cidade.
VI
ELEITOS POR FAÇÕES OU INSTITUIÇÕES
O Sujeito é eleito por determinada facção, determinada Igreja, é eleito pela pessoa jurídica e não pelo voto do eleitor, ele dará satisfação aos líderes e não ao povo que sufragou o seu nome nas urnas. Vide Igrejas, Associações e etc.
No próximo capítulo mais itens.
Iderval Reginaldo Tenório
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